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Museu Virtual de Rochas e Minerais do Laboratório de Solos - Aplicações no Agronegócio

Publicado: Sexta, 21 de Setembro de 2018, 09h41 | Última atualização em Terça, 30 de Outubro de 2018, 12h54

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O agronegócio faz uso de fertilizantes minerais com objetivos de proporcionar um acréscimo da produção, conservando a fertilidade e a biodiversidade do solo, e diminuição dos problemas ambientais (RAIJ, 1987).

Segundo Almeida et al., (2007) os pós de rocha podem ser empregados visando acelerar os processos de sucessão e dinamização biológica nos solos e não como fontes de nutrientes que serão diretamente absorvidas pelas plantas cultivadas. Desta forma não se trata de um sistema de substituição de insumos, no caso de adubo químico por pó de rocha, mas sim de um trabalho integrado com os dois insumos.

Atualmente, a utilização de pó de rocha vem sendo pesquisada quanto ao seu potencial agronômico, sobretudo no suprimento de potássio, em várias regiões do Brasil, além dos altos teores de silício (Meland et al., 2007). Num contexto onde quase 90 % do potássio utilizado agronegócio brasileiro é provido de importações e os solos brasileiros apresentam carência desse nutriente, a utilização da rochagem se apresenta como técnica importante e alternativa. O potássio é lixiviável no perfil do solo, por isso a baixa capacidade de troca catiônica (CTC) dos solos implica em baixa capacidade de armazenamento de potássio. O potássio é um dos macronutrientes mais utilizados pelas plantas (Kinpara, 2003).

Andrade et. al. (2000) ressalta que o potássio é um elemento essencial aos processos metabólicos nas plantas, pois exerce fundamental papel na fotossíntese, regula a entrada de dióxido de carbono e atua na ativação de sistemas enzimáticos.

O potássio é o sétimo elemento mais abundante na crosta terrestre, de acordo com Nascimento e Loureiro (2009) cerca de 95% de sua produção mundial é usada para fertilizantes.

Guntzer et. al., (2012) relatam que o silício é o segundo elemento mais abundante do planeta, sendo encontrado na forma de minerais silicatados. Na agricultura o silício não é considerado um elemento essencial, mas possui benefícios para as plantas, tais como: incremento na resistência contra patógenos, insetos e neutralização da toxidade de Al, Mn, Cd, As, Fe; redução da absorção de nutrientes (K, P, Ca), e neutralização do estresse salino e hídrico.

O pó de rocha pode ser facilmente encontrado ou obtido em certas regiões do país. Por exemplo, no estado de Santa Catarina existem várias reservas de minerais que contêm nutrientes necessários às plantas, relata Scheibe, (1986).

O Brasil é o 4º maior produtor mundial de rochas ornamentais, em 2015 teve uma produção de 8,2 milhões de toneladas, sendo que a grande maioria, de acordo com Bezerra (2017), se encontra na região sudeste do Brasil, principalmente no Estado do Espírito Santo. A rocha basáltica é exemplo de uma rocha que pode ser utilizada por que além de fornecer apreciáveis quantidades de nutrientes ao solo, a sua aplicação proporciona a adição de colóides negativos devido à presença da sílica.

O Brasil ocupa ainda o segundo lugar em produção e consumo mundial de ardósia, principalmente, em função de sua ampla diversidade geológica. Minas Gerais é responsável por mais de 90% da produção nacional desta rocha. A ardósia é uma rocha metamórfica constituída de silicato de alumínio (Chiodi Filho et al.; 2003), formada a partir do argilito, uma rocha sedimentar.

De acordo com Souza e Mansur (2000) os processos de extração, corte e uso da rocha há produção de grandes quantidades de resíduos finos, na forma de pó, que causa impacto potencial negativo sobre o ambiente.

Theodoro (2004), relata que os processos de liberação dos nutrientes dos resíduos rochosos para a solução do solo, podem ser lentos, entretanto alguns grupos de microrganismos, como as bactérias, fungos e actinomicetos, possuem a capacidade de acelerar o processo de solubilização dos minerais silicatados, por meio de sua decomposição. Desta maneira uma das principais estratégias de manejo utilizada é a associação do uso de pós de rocha com diferentes fontes de biomassa. O objetivo desta prática é potencializar a atividade biológica do solo dinamizando a decomposição e por consequência a ciclagem dos nutrientes, disponibilizando-os mais rapidamente para as plantas constituindo assim também uma técnica ecologicamente mais correta.

Osterroht (2003) destaca também a importância dos microrganismos na medida em que observou melhores resultados na aplicação do pó de rocha associado ao esterco de gado, que por sua vez apresenta ótimas características biológicas.

Devido a sua solubilidade mais lenta que a dos fertilizantes comerciais, o pó de rocha se constitui em fonte de nutrientes para plantas de ciclo perene. Neste sentido, ao longo do tempo, há promoção do aumento da capacidade de troca catiônica dos solos, devido a formação de novos minerais de argila durante o processo de alteração do pó de rocha (Melahmed et al., 2009).

Theodoro (2002) destaca experiências bem sucedidas com emprego simultâneo da rochagem e da fertilização mineral. Segundo este autor, conseguiu-se reduzir custos de produção, maximizar a produtividade, reduzir a quantidade de fertilizantes minerais e diminuir os impactos ambientais.

Pinheiro e Barreto (2000), também observaram resultados positivos da aplicação do pó de basalto sobre a produção das culturas da uva Itália, do arroz irrigado e do feijão.

Silveira e Lima (2007) destacam que a mistura de esterco com pó-de-rocha proporcionou um maior rendimento na altura e no diâmetro das plantas de milho em comparação ao uso do fertilizante solúvel convencional (NPK).

Em conclusão, vários autores estão aplicando a rocha finamente moída, proveniente das extrações de rochas ornamentais e obtendo resultados satisfatórios em produção agrícola, principalmente quando o produto é fornecido à culturas perenes. A mistura com fertilizantes de origem orgânica, como esterco e vermicomposto, melhoram a decomposição do pó de rocha, por elevar a atividade biológica no material, e por fim o tratamento térmico tem permitido bons resultados.

Referências

ANDRADE, A. C.; FONSECA, D. M. da; GOMIDE, J. A.; ALVAREZ, V. H.; MARTINS, C. E.; SOUZA, D. P. H. de. Produtividade e Valor Nutritivo do CapimElefante cv. Napier sob Doses Crescentes de Nitrogênio e Potássio. Rev. Brasileira de zootecnia, v. 6, n. 29, p. 1589-1595, 2000.

SCHEIBE, L. F. Geologia e petrologia do maciço alcalino de Lages, SC, Brasil. São Paulo. Instituto de Geociências, USP, 1986. p. 224. Tese Doutorado.

KINPARA, D. L. A. A importância estratégica do potássio para o Brasil. 1.ed. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2003. p. 27. (Série Documentos Embrapa Cerrados).

MELAMED, R.; GASPAR, J. C.; MIEKELEY, N. Pó-derocha como fertilizante alternativo para sistemas de produção sustentáveis em solos tropicais. 2007. Parte de tese (Doutorado). Series estudos e documentos. SED-72, CETEM/MCT.

RAIJ, B. van. Avaliação da fertilidade do solo. Piracicaba: Instituto da Potassa e Fosfato, p. 142. 1987.

THEODORO, S. H. Conflitos e uso sustentável dos recursos naturais. Rio de Janeiro: Garamond, 2002. P. 344

OSTERROHT, M. Rochagem para quê? In: OLIVEIRA, J. P. Rochagem-l: adubação com rochas silicatadas moídas, 20. Botucatu: Agroecológica, 2003. cap. 3, p. 12-15

SILVEIRA, M. L.; LIMA, F. M. R. S. O uso de pó de rocha fosfática para o desenvolvimento da agricultura familiar no Semi- Árido brasileiro. JORNADA DA INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 15, 2007. Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, 2007.

THEODORO, Suzi Huff. FERTILIZAÇÃO DA TERRA PELA TERRA: uma alternativa de sustentabilidade para o pequeno produtor rural. 2004. Disponível em: <http://noticias.universia.com.br/ciencia-tecnolo-gia/noticia/2004/03/16/521649/fertilizao-da-terra-pela-terra-uma-alternativa-sustentabilidade-pe-queno-produtor-rural.html>. Acesso em: 2. maio 2018.

SOUZA, L.P. de F.; MANSUR, H.S.. Reologia de Suspensões de ardósia e sua influência em peças produzidas pela ténica de colagem de barbotinas. CBECIMAT 2002.

CHIODI FILHO, C. RODRIGUES, E. de P.; ARTUR, A. C. Ardósias de Minas Gerais, Brasil: Característica Geológicas, Petrográficas e Químicas - São Paulo, UNESP, Geociências, v. 22, n. 2, p. 119-127, 2003

ALMEIDA, E. et al. Revitalização dos solos em processos de transição agroecológica no sul do Brasil. Agriculturas, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 7-10, 2007.

 

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